AMAMENTAR MAIS DE UM ANO? EXISTE O DESMAME NATURAL?

Tom da Carol com mais de dois anos mamando!

Amamentar mais de um ano?

Veja a composição do leite materno apóso segundo ano de vida!


Amamentação pode diminuir risco de enfarte em até 37%
Mães que amamentam os filhos por dois anos podem reduzir em até 37% o risco de enfarte. Uma das hipóteses levantadas para explicar o fato é que a amamamentação tenha um efeito antiestresse de longa duração
Redação ÉPOCA, com Agência Estado

Mães que amamentam seus filhos por um ano podem reduzir o risco de enfarte em  13%. O número pode chegar a 37% quando o tempo de amamentação ultrapassa os dois  anos, segundo estudo publicado no American Journal of Obstetrics & Gynecology. A pesquisa traz a primeira evidência de que o tempo acumulado de  amamentação pode influenciar a saúde cardiovascular no longo prazo.
O  estudo foi realizado com 89,326 mulheres cujo último filho tivesse nascido até 30 anos antes. Dessas, 63% já haviam amamentado. Os pesquisadores levaram em  consideração fatores como idade, número de partos, peso, histórico familiar, dieta e sedentarismo.
Uma das hipóteses levantadas pelos cientistas é que a amamentação tenha um efeito antiestresse de longa duração por conta da
produção do hormônio oxitocina, que melhora a resposta ao estresse. O  aleitamento materno também contribui para que a mulher recupere seu perfil metabólico pré-gravidez.

Durante a gestação, a quantidade de gordura  visceral, a resistência à insulina e os níveis de lipídios e triglicérides aumentam no organismo feminino, prejudicando seu coração e sobrecarregando o sistema cardiovascular da mãe. A pesquisa aponta que isso pode ser contornado quanto mais a mulher amamentar.
LH
A reportagem saiu na Época confira o link confirme o link clicando aqui

Luana em uma peça de Teatro mamando na mãe Tati

Desmame Natural? Isso existe?

Leiam e comentem!
por Elsa Regina Justo Giugliani*
*Pediatra, professora da Faculdade de Medicina da UFRGS, presidente do Departamento de Aleitamento Materno da SBP, Especialista em Aleitamento Materno pelo IBLCE (International Board of Lactation Consultant Examiners)
O homem é o único mamífero em que o desmame (aqui definido como a cessação do aleitamento materno) não é primariamente determinado por fatores genéticos e instinto, sendo fortemente influenciado por fatores socioculturais. Hoje, ao contrário do que ocorreu por pelo menos dois milhões de anos, ao longo da evolução da espécie humana, a mulher opta (ou não) pela amamentação e, influenciada por múltiplos fatores, decide por quanto tempo vai (ou pode) amamentar. Muitas vezes, as preferências culturais (não amamentação, introdução precoce de outros alimentos na dieta da criança, amamentação de curta duração) entram em conflito com a expectativa da espécie. Algumas conseqüências dessa divergência já puderam ser observadas, como desnutrição e alta mortalidade infantis, sobretudo em áreas menos desenvolvidas. Porém, as conseqüências a longo prazo ainda não são totalmente conhecidas, já que transformações genéticas não ocorrem com a rapidez com que podem ocorrer mudanças de hábitos. Começam a ser mostradas evidências de que o não amamentar segundo as expectativas da espécie pode ter repercussões negativas ao longo da vida dos indivíduos. Assim, a não amamentação ou amamentação sub-ótima pode favorecer o aparecimento de doenças alérgicas, diversas doenças do sistema imunológico, alguns tipos de cânceres, obesidade, diabete e doenças cardiovasculares, além de interferir negativamente no desenvolvimento oro-facial. Provavelmente, com o aparecimento de novas pesquisas nessa área, outros males serão relacionados com os hábitos “modernos” de alimentação infantil, mas alguns aspectos dificilmente podem ser quantificados, especialmente os relacionados com a psique humana.
Atualmente, em especial nas sociedades ocidentais, a amamentação é vista primordialmente como uma forma de alimentar a criança, sob o controle total dos adultos. Assim, perdeu-se a percepção da amamentação como um processo mais amplo, complexo, envolvendo intimamente duas pessoas e com repercussão na saúde física e no desenvolvimento cognitivo e emocional da criança, além de repercussões para a saúde física e psíquica da mãe. Hoje, em muitas culturas “modernas”, a amamentação prolongada (cujo conceito varia de acordo com a “convenção” da época e do local) freqüentemente é vista como um distúrbio inter-relacional entre mãe e bebê. Perdeu-se a noção de que o desmame não é um evento e sim um processo, que faz parte da evolução da mulher como mãe e do desenvolvimento da criança, assim como sentar, andar, correr, falar. Nesta lógica, assim como nenhuma criança começa a andar antes de estar pronta, nenhuma criança deveria ser desmamada antes de atingir a maturidade para tal. Em harmonia com esta linha de pensamento, Dr. William Sears, um antigo pediatra, recomendava “Não limite a duração da amamentação a um período pré-determinado. Siga os sinais do bebê. A vida é uma série de desmames, do útero, do seio, de casa para a escola, da escola para o trabalho. Quando uma criança é forçada a entrar em um estágio antes de estar pronta, corre o risco de afetar o seu desenvolvimento emocional”. Essas palavras sábias podem ter pouco respaldo em sociedades individualistas, que tendem a acelerar o processo de independização do ser humano, substituindo o seio por métodos de auto-consolo como chupetas, paninhos, mantinhas, ursinhos, etc.
Segundo diversas teorias, o período natural de amamentação para a espécie humana seria de 2,5 a sete anos. Atualmente, a Organização Mundial da Saúde recomenda aleitamento materno por dois anos ou mais, sendo exclusivo nos primeiros seis meses. Apesar dessa recomendação, muito poucas mulheres no Brasil amamentam por mais de dois anos. As razões para a não amamentação prolongada variam desde dificuldade em conciliar a amamentação com outras atividades, até crença de que aleitamento materno além do primeiro ano é danoso para a criança sob o ponto de vista psicológico. Uma parcela de mães, apesar de demonstrar desejo em continuar a amamentação, sente-se pressionada a desmamar por profissionais de saúde, seus maridos, parentes, vizinhos e amigos. Pois, para a manutenção do paradigma que sustenta a afirmação de que amamentação prolongada não é natural, foi necessário criar vários mitos tais como o de que uma criança jamais desmama por si própria, que a amamentação prolongada é um sinal de problema sexual ou necessidade materna e não da criança e que a criança que mama fica muito dependente. Algumas mães, de fato, desmamam para promover a independência da criança. No entanto, é importante lembrar que o desmame provavelmente não vai mudar a personalidade da criança. Além disso, o desmame forçado pode gerar insegurança na criança, o que dificulta o processo de independização.
O desmame pode ser agrupado em quatro categorias básicas: abrupto, planejado ou gradual, parcial e natural. Sob a ótica de que o desmame é um processo de desenvolvimento da criança, parece razoável afirmar que o ideal seria que ele ocorresse naturalmente, na medida em que a criança vai adquirindo competências para tal. No desmame natural a criança se auto-desmama, o que pode ocorrer em diferentes idades, em média entre dois e quatro anos e raramente antes de um ano. Costuma ser gradual, mas às vezes pode ser súbito, como por exemplo em uma nova gravidez da mãe (a criança pode estranhar o gosto do leite, que se altera, e o volume, que diminui). A mãe também participa ativamente no processo, sugerindo passos quando a criança estiver pronta para aceitá-los e impondo limites adequados à idade. O Quadro 1 apresenta os sinais indicativos de que criança pode estar pronta para iniciar o desmame:
Quadro 1. Sinais sugestivos de que a criança está madura para o desmame
• Idade maior que um ano
• Menos interesse nas mamadas
• Aceita variedade de outros alimentos
• É segura na sua relação com a mãe
• Aceita outras formas de consolo
• Aceita não ser amamentada em certas ocasiões e locais
• Às vezes dorme sem mamar no peito
• Mostra pouca ansiedade quando encorajada a não amamentar
• Às vezes prefere brincar ou fazer outra atividade com a mãe ao invés de mamar
É importante que a mãe não confunda o auto-desmame natural com a chamada “greve de amamentação” do bebê. Esta ocorre principalmente em crianças menores de um ano, é de início súbito e inesperado, a criança parece insatisfeita e em geral é possível identificar uma causa: doença, dentição, diminuição do volume ou sabor do leite, estresse e excesso de mamadeira ou chupeta. Essa condição usualmente não dura mais que 2-4 dias.
Algumas vantagens do desmame natural encontram-se no Quadro 2:
Quadro 2. Vantagens do desmame natural
• Transição tranqüila, menos estressante para a mãe e a criança
• Preenche as necessidades da criança até elas estarem maduras para o desmame
• Fortalece a relação mãe-filho
• Ajuda a mãe a ser menos ansiosa com relação aos estágios de desenvolvimento de seu filho
O desmame abrupto é desencorajado, pois se a criança não está pronta, ela pode se sentir rejeitada pela mãe, gerando insegurança e muitas vezes rebeldia. Na mãe, o desmame abrupto pode precipitar ingurgitamento mamário, bloqueio de ducto lactífero e mastite, além de tristeza ou depressão, por luto pela perda da amamentação ou por mudanças hormonais.
Muitas vezes a mulher se depara com a situação de querer ou ter que desmamar antes de a criança estar pronta. Nesses casos, o profissional de saúde, em especial o pediatra, deve respeitar o desejo da mãe e ajudá-la nesse processo. O quadro 3 apresenta os fatores que facilitam o encorajamento do bebê para o desmame.
Quadro 3. Encorajando o bebê a desmamar: facilitadores
• Mãe segura de que quer (ou deve) desmamar
• Entendimento da mãe de que o processo pode ser lento e demandar energia, tanto maior quanto menos pronta estiver a criança
• Flexibilidade, pois o curso é imprevisível
• Paciência (dar tempo à criança) e compreensão
• Suporte e atenção adicionais à criança – mãe não deve se afastar neste período
• Ausência de outras mudanças ocorrendo: Ex.: controle dos esficteres
• Sempre que possível, desmame gradual, retirando uma mamada do dia a cada 1-2 semanas.
A técnica utilizada para fazer a criança desmamar varia de acordo com a idade da mesma. Se a criança for maior, o desmame pode ser planejado com ela. Pode-se propor uma data, oferecer uma recompensa e até mesmo uma festa. A mãe pode começar não oferecendo o seio, mas também não recusando. Pode também encurtar as mamadas e adiá-las. Mamadas podem ser suprimidas distraindo a criança com brincadeiras, chamando amiguinhos, entretendo a criança com algo que lhe prenda a atenção. A participação do pai no processo, sempre que possível, é importante. A mãe pode também evitar certas atitudes que estimulam a criança a mamar, por exemplo, não sentar na poltrona em que costuma amamentar.
Algumas vezes, o desmame forçado gera tanta ansiedade na mãe e no bebê, que é preferível adiar um pouco mais o processo, se possível. A mãe pode, também, optar por restringir as mamadas a certos horários e locais.
As mulheres devem estar preparadas para as mudanças físicas e emocionais que o desmame pode desencadear, tais como: mudança de tamanho das mamas, mudança de peso e sentimentos diversos tais como alívio, paz, tristeza, depressão, culpa e arrependimento.
Já se avançou muito na valorização do aleitamento materno nos últimos tempos. A recomendação da duração da amamentação passou de 10 meses na década de 30 para dois anos ou mais nos dias de hoje. Atualmente, fala-se em desmame natural como a forma ideal de desmame, sem especificar uma idade mínima ou máxima para que esse processo ocorra. Apesar desse avanço ainda estamos longe de encararmos o desmame como um marco do desenvolvimento da criança. Para chegarmos a este estágio, faz-se necessário entender e enfrentar as circunstâncias que, segundo Souza e Almeida, “ultrapassam a natureza e desafiam a cultura e a sociedade”.

Fabiola e Paola mamando!

às mães que amamentam após um ano

Por Carlos González
As mães que continuam amamentando após um ano enfrentam muitos problemas, sobretudo devido às críticas de quem crê que isso “não é normal” e as ameaçam com todo tipo de doenças e catástrofes.
Na realidade, não se conhece qual é a idade “natural” do desmame no ser humano. Cada cultura tem a esse respeito seus próprios costumes, apesar de que nenhuma desmama tão cedo quanto a cultura ocidental do século XX. A antropóloga norte-americana Katherine Dettwyler (1) abordou a questão a partir da zoologia comparada, generalizando uma hipotética idade para o desmame no ser humano a partir dos dados referentes a outros primatas, a partir de vários parâmetros que se correlacionam de forma mais ou menos exata com a amamentação:
a) Segundo o peso do nascimento.
Costuma-se dizer que os mamíferos se desmamam quando triplicam o peso do nascimento. Isso só é válido para os animais pequenos; os animais de tamanho parecido com o nosso se desmamam após quadruplicar o peso do nascimento, o que seria aproximadamente aos dois anos e meio.
b) Segundo o peso do adulto.
Muitos mamíferos se desmamam ao alcançar aproximadamente a terça parte do peso do adulto. Como em nossa espécie o homem adulto é maior, isso representaria um desmame mais tardio: os meninos com sete anos (ao alcançar os 23 kg), e as meninas um pouco antes dos seis anos (com 19 kg).
c) Segundo o peso da mãe.
Os pesquisadores Harvey e Clutton-Brock constataram que, em um grande número de primatas, a idade do desmame em dias é igual ao peso de uma fêmea adulta em gramas multiplicado por 2,71. Aplicando essa fórmula a uma mãe de 55 quilos, corresponderia a desmamar aos três anos e quatro meses.
d) Segundo a duração da gestação.
A relação entre a duração da amamentação e a duração da gestação é muito variável entre os primatas, mas parece ter relação com o tamanho dos indivíduos. Nos macacos pequenos, essa relação costuma ser inferior a dois; mas entre nossos parentes mais próximos (em parentesco e tamanho), a relação é de 6,4 para o chimpanzé e de 6,18 para o gorila. Se assumirmos que para o ser humano essa relação deverá ser também superior a 6, o resultado é um mínimo de quatro anos e meio de amamentação.
e) Segundo a dentição.
O desmame pode acontecer em muitos primatas quando ocorre a erupção do primeiro molar permanente, o que corresponderia aos 6 anos do ser humano.
Em conclusão, Dettwyler supõe que a idade normal do desmame no ser humano é entre os dois anos e meio e os sete anos.
No congresso espanhol de grupos de mães, ocorrido no ano de 2001 em Zaragoza, realizamos uma pesquisa para averiguar qual era a duração da amamentação entre as mães participantes, e que vantagens e desvantagens encontravam as mães que amamentam bebês após um ano.
Trata-se de uma amostra altamente selecionada (mães com suficiente interesse e meios econômicos para participar do evento), e que de modo algum representa a sociedade espanhola. Mas nos permite afirmar que a amamentação depois de um ano existe, ainda que seja em um grupo pequeno.
Responderam ao questionário 95 mães que juntas têm 174 filhos. Trabalham fora de casa 74, e 78 haviam amamentado mais de um ano. Somente 15 mães haviam praticado amamentação tandem (ou seja, amamentado dois filhos de idades diferentes ao mesmo tempo).
Portanto, não é preciso ser dona de casa para amamentar por mais de 1 ano.
O resultado foi o seguinte:
Formação – total – Amamentaram por mais de 1 ano
Graduação – 31 – 30
Cursos seqüenciais/tecnólogo – 32 – 22
Curso técnico – 17 – 14
Ensino médio – 13 – 10
Ensino fundamental – 2 – 1
Isso contrasta com a situação tradicional de algumas décadas, em que apenas as mães pobres de zonas rurais amamentavam após 1 ano de idade. É precisamente entre as mães mais cultas e informadas que se recupera a prática da amamentação.
No momento da entrevista, 109 bebês haviam sido desmamados, com uma idade média de 19,1 meses, enquanto que 65 seguiam mamando, com una idade média de 20,9 meses. Ou seja, que já superaram a média e continuam mamando, o que fará com que a média global aumente muito quando ocorrer o desmame dessas 65 crianças.
A comparação entre os filhos de uma mesma mãe mostra também um incremento progressivo na duração da amamentação. Entre 20 mães com três filhos ou mais, a duração média da amamentação do primeiro filho foi de 12,8 meses. Do segundo filho, um (50 meses) ainda mamava, e os demais haviam sido desmamados com uma idade média de 19,3 meses. Do terceiro filho, 13 seguiam mamando (idade média de 25,9 meses) e 7 estavam desmamados (com média de idade de 29,3 meses). Podemos dizer que a amamentação prolongada foi tão satisfatória para essas mães, que repetiram e aumentaram a dose com os demais filhos. Com certeza, também há mães que não tiveram uma experiência satisfatória na amamentação, e é provável que estas mães não participem de congressos de amamentação.
O resultado foi o seguinte:
Formação – total – Amamentaram por mais de 1 ano
Graduação – 31 – 30
Cursos seqüenciais/tecnólogo – 32 – 22
Curso técnico – 17 – 14
Ensino médio – 13 – 10
Ensino fundamental – 2 – 1
Isso contrasta com a situação tradicional de algumas décadas, em que apenas as mães pobres de zonas rurais amamentavam após 1 ano de idade. É precisamente entre as mães mais cultas e informadas que se recupera a prática da amamentação.
No momento da entrevista, 109 bebês haviam sido desmamados, com uma idade média de 19,1 meses, enquanto que 65 seguiam mamando, com una idade média de 20,9 meses. Ou seja, que já superaram a média e continuam mamando, o que fará com que a média global aumente muito quando ocorrer o desmame dessas 65 crianças.
A comparação entre os filhos de uma mesma mãe mostra também um incremento progressivo na duração da amamentação. Entre 20 mães com três filhos ou mais, a duração média da amamentação do primeiro filho foi de 12,8 meses. Do segundo filho, um (50 meses) ainda mamava, e os demais haviam sido desmamados com uma idade média de 19,3 meses. Do terceiro filho, 13 seguiam mamando (idade média de 25,9 meses) e 7 estavam desmamados (com média de idade de 29,3 meses). Podemos dizer que a amamentação prolongada foi tão satisfatória para essas mães, que repetiram e aumentaram a dose com os demais filhos. Com certeza, também há mães que não tiveram uma experiência satisfatória na amamentação, e é provável que estas mães não participem de congressos de amamentação.
Responderam da seguinte forma à pergunta de se as pessoas relacionadas apoiaram ou criticaram a amamentação (pergunta feita a todas as mães, incluindo as que desmamaram antes de 1 ano de idade):
quem – apóiam – criticam
Marido ou companheiro – 77 – 6
Amigas ou vizinhas – 47 – 53
Mãe ou sogra – 44 – 39
parteira – 27 – 6
Outros parentes – 22 – 43
pediatra – 15 – 36
enfermeiras – 6 – 19
Médico ou GO – 5 – 9
Outros – 29 – 14
Considerando que cada mãe pode ter vários amigos ou vários pediatras, alguns grupos apareciam ao mesmo tempo aprovando e criticando. Observamos que o papel dos profissionais de saúde é em geral negativo, salvo no caso das parteiras. E, em todo caso, parecem influenciar menos, tanto para o bem como para o mal, que parentes e amigas. Como se nos mantivéssemos à margem.
Destaque muito positivo para o papel do marido, que quase nunca critica e que é a pessoa que mais aprova. Duvidamos que isto reflita um grande interesse pela amamentação entre os maridos espanhóis em geral, e achamos que , na verdade,aconteceu uma seleção natural: o apoio incondicional do marido é quase imprescindível para que uma mãe consiga amamentar, desfrutar da sua experiência, envolver-se num grupo de apoio e participar de um congresso sobre amamentação.
Por último, perguntamos o que foi mais agradável e o que foi mais desagradável ao amamentar bebês maiores de 1 ano:
O que é mais agradável ao amamentar bebês maiores de 1 ano:
Contato físico, olhar, vínculo – 36
Relação especial, amor, algo teu – 34
Felicidade materna, realização pessoal – 20
Comodidade e liberdade – 14
O melhor alimento – 12
Bebê feliz – 10
Consolo ou calma para o bebê – 8
É algo natural – 3
Mais saudável para o bebê – 6
Carinho – 1
O que é mais desagradável ao amamentar bebês maiores de 1 ano:
Críticas de outras pessoas – 33
Nada – 14
Mamadas noturnas – 10
Pedir muito quando a mãe não deseja – 4
Difícil de conciliar com irmãos maiores – 4
Mordidas – 4
Desmame – 4
Falta de informação profissional e de apoio social – 4
Dependência – 4
Sensação de que não vai deixar de mamar – 2
Não poder sair de noite – 2
Dificuldade para conciliar com inquietudes maternas – 2
Desinformação (medo absurdo) – 1
Problemas mamários (mastites, rachaduras) – 1
Angústia – 1
Conforme era esperado, essas mães encontram muito mais satisfações que problemas (de outro modo, não o teriam feito). Entre as vantagens se dá muito mais importância aos aspectos afetivos e psicológicos que à nutrição e à saúde física; enquanto que entre os inconvenientes destacam-se as críticas recebidas de outras pessoas, e um grande número de mães espontaneamente afirmam que não houve nada desagradável em sua experiência.
Portanto, a amamentação após uma ano de idade do bebê é uma realidade entre algumas mulheres espanholas, sobretudo de classe média-alta, e parece que a prática está crescendo. É preciso que nós profissionais de saúde adotemos um papel mais efetivo de apoio às mães que amamentam, e que contribuamos na educação da população para que estas mães recebam o respeito que merecem.
(1) Stuart-Macadam P, Dettwyler K. Breastfeeding. Biocultural perspectives. Aldine de Gruyter, New York, 1995
Tradução: Fernanda Mainier
Revisão: Luciana Freitas

Quando a amamentação vai além do primeiro ano. Comente, dê seu depoimento e envie-nos fotos de seu bebê com 2, 3, 4 (ou mais) anos mamando no peito.

“… para a manutenção do paradigma que sustenta a afirmação de que amamentação prolongada não é natural, foi necessário criar vários mitos, tais como o de que uma criança jamais desmama por si própria, que a amamentação prolongada é um sinal de problema sexual ou necessidade materna e não da criança, e que a criança que mama fica muito dependente.”

Este é um trecho de um texto interessante e esclarecedor da pediatra Especialista em Aleitamento Materno, Elsa Regina Justo Giugliani. Leia o texto na íntegra aqui.

“(…) Estudos antropológicos revelam que em muitas culturas não-ocidentais as mulheres amamentam comumente seus filhos até os 3-4 anos. Serão elas ou nós os excêntricos? (…)” 
Leia a íntegra do artigo do dr. Marcus Renato aqui, ou veja o artigo publicado no sítio original aqui.

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