POR QUE O FUMO PASSIVO É TÃO PREJUDICIAL A GRÁVIDAS E CRIANÇAS

  

cigarro; tabagismo; fumo; fumo passivo (Foto: Thinkstock)
  • ANDRESSA BASILIO
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A partir desta quarta-feira, 3 de dezembro, fumar em ambientes fechados de uso coletivo fica proibido em todo o Brasil. Alguns estados já contavam com regras próprias antitabagismo, mas com a vigência da Lei 12.546, o veto passa a valer em todo o território nacional. A notícia é positiva para a saúde da população em geral, mas principalmente para os bebês que ainda estão dentro da barriga, mesmo nos casos em que a gestante apenas convive com fumantes. Isso porque as substâncias presentes no cigarro não se dissipam com a primeira corrente de ar que passa através da janela. Pelo contrário, permanecem na pele, nas roupas e no cabelo e até nos móveis da casa. Os efeitos podem ser mais intensos para crianças em formação do que para a mãe exposta à fumaça. Isso por que as partículas podem causar o estreitamento dos vasos na região da placenta, o que diminui o fluxo sanguíneo e restringe a passagem de nutrientes, prejudicando o crescimento fetal. Há estudos que acusam malformação, embora ainda haja necessidade de mais pesquisas nesse sentido.

De acordo com dados apresentados no Women’s Health Initiative (WHI), projeto que mapeia a saúde feminina nos Estados Unidos, as mulheres expostas à fumaça do tabaco têm ainda risco aumentado de complicações na gravidez, incluindo aborto espontâneo, morte fetal e gravidez ectópica (fora da cavidade uterina). Para cada complicação da gestação, o risco varia de 17% a 61% em mulheres expostas ao cigarro, seja durante a infância, em casa ou no trabalho.

A fumaça dentro de casa


Um artigo publicado na revista Pediatrics, jornal oficial da Academia Americana de Pediatria, apresentou uma revisão de estudos que mostram que o pai do bebê é a primeira fonte de fumaça do cigarro, seguido pelos colegas de trabalho. De acordo com Jo Leonardi-Bee, uma das autoras do estudo, parar de fumar deveria ser um pré-requisito antes mesmo de a mulher engravidar, já que o cigarro afeta a qualidade do esperma do homem.

A autora defende que é preciso encontrar boas intervenções de saúde pública para reduzir a exposição das gestantes ao fumo passivo. Uma possibilidade seria o parceiro buscar por tratamentos de cessação de tabagismo, como terapia de reposição de nicotina, e exercitar a abstinência pelo menos quando estiver em casa ou no carro na companhia da esposa. Mesmo que a pessoa fume e depois lave as mãos ou tome um banho, o suor passa nicotina para a pele e por contato para as outras pessoas.

As estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que uma em cada quatro crianças brasileiras estão expostas aos efeitos nocivos do cigarro dentro de casa.
Outro dado preocupante é que as infecções respiratórias são a principal causa de morte por fumo passivo. Bronquiolite, asma, pneumonia, broncopneumonia, sinusite e infecções do ouvido são as doenças mais comuns que podem acometer as crianças em contato com a fumaça do cigarro. Isso porque o monóxido de carbono estreita os brônquios e as vias aéreas. Pesquisadores da Universidade de Atenas, na Grécia, descobriram que uma pessoa precisa de apenas 20 minutos de exposição a altas concentrações de fumaça de cigarro para sofrer alterações fisiológicas no aparelho respiratório.

Ponto positivo para o combate ao fumo


A batalha contra o tabagismo precisa de mais reforços para ser vencida, especialmente no Brasil, onde 11% da população ainda fuma. O número tem diminuído porque as políticas antitabagistas parecem estar funcionando, mas mais esforços são necessários para eliminar esse hábito, que além do câncer em órgãos do aparelho respiratório, pode causar outros males, como tumores na bexiga ou nos rins, hipertensão e doenças reumáticas. A lei federal que acaba de entrar em vigor é mais uma tentativa nesse sentido e proíbe o fumo de cigarrilhas, charutos, cachimbos, narguilés e outros produtos em locais de uso coletivo, públicos ou privados, como hall e corredores de condomínio, restaurantes e clubes, mesmo que o ambiente esteja parcialmente fechado por uma parede, divisória, teto ou até toldo. Se os estabelecimentos comerciais desrespeitarem a norma, podem ser multados e até perder a licença de funcionamento.

A norma também extingue os fumódromos e acaba com a possibilidade de propaganda comercial de cigarros até mesmo nos pontos de venda. Os produtos podem ser expostos somente quando acompanhados por mensagens sobre os males provocados pelo fumo. Além disso, os fabricantes vão ter de aumentar os espaços para os avisos sobre os danos causados pelo tabaco. Agora, eles devem aparecer em 100% da face posterior das embalagens e de uma de suas laterais.

Será permitido fumar em casa, em áreas ao ar livre, parques, praças, em áreas abertas de estádios de futebol, em vias públicas e em tabacarias, que devem ser voltadas especificamente para esse fim. Entre as exceções também estão cultos religiosos, onde os fiéis poderão fumar, caso isso faça parte do ritual.

A melhora de efeitos em fumantes passivos ainda não foi medida por aqui. Porém, uma revisão de 14 estudos online feitos em várias cidades dos Estados Unidos mostrou que legislações antifumo foram associadas com reduções na prematuridade e atendimento hospitalares por asma em crianças. A notícia é boa, mas, antes de medidas políticas, é necessário maior conscientização da população fumante com a percepção de que eles podem tornar não só suas vidas mais saudáveis, mas também as vidas daqueles que amam.

Fontes: Rossana Pulcineli, professora do departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Universidade de São Paulo (USP) e membro da Sociedade Paulista de Ginecologia e Obstetrícia (SOGESP); Fátima Rodrigues Fernandes, alergoalergista e pediatra da Escola Paulista de Medicina.

Fonte:https://revistacrescer.globo.com/Gravidez/Saude/noticia/2014/04/por-que-o-fumo-passivo-e-tao-prejudicial-gravidas-e-criancas.html

  • ANDRESSA BASILIO
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cigarro-fumaca (Foto: shutterstock)

Se você é do tipo que não consegue largar o cigarro, mesmo perto do seu filho, é hora de ler essa reportagem. Há muito se descobriu que o fumante passivo, aquele que aspira a fumaça do cigarro de outra pessoa, desenvolve tantos problemas de saúde quanto os tradicionais fumantes. Isso quer dizer que basta que apenas um dos pais tenha o vício para que a criança carregue consequências ao longo da vida.

As estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que uma em cada quatro crianças brasileiras estão expostas aos efeitos nocivos do cigarro dentro de casa. O dado é ainda mais preocupante pelo fato de que o fumante passivo corre, na verdade, mais riscos do que o ativo, já que a fumaça do cigarro contém concentrações maiores de nicotina e outras substâncias tóxicas em relação à tragada dada pelo fumante. E, não adianta fumar em um quarto onde a criança não esteja ou, mais comum, no quintal de casa. As substâncias não se dissipam com o ar, pelo contrário, elas permanecem na pele, nas roupas, no cabelo e podem ser passadas para as outras pessoas.

As infecções respiratórias estão no topo das causas de morte por fumo passivo, mas existem outras complicações que o cigarro pode trazer. Separamos cinco delas para você se informar e aproveitar a chegada do próximo ano para repensar nos velhos hábitos. Confira:

- Perda da capacidade auditiva
Um levantamento recente da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa (SP) descobriu, ao analisar 145 estudantes de 8 a 10 anos, que os alunos cujos pais eram fumantes (41% dos analisados) tinham maior risco de perdas de audição. A fonoaudióloga Alessandra Durante, uma das autoras, conta que a nicotina causa falta de oxigenação nas células auditivas, que adoecem e morrem. Em longo prazo, isso pode significar diminuição na capacidade auditiva da criança. “Essa perda não significa necessariamente surdez, mas pode afetar a maneira como a criança processa a informação. Em sala de aula, por exemplo, um aluno com essas condições pode ter dificuldade de prestar atenção no que a professora fala se houver outros ruídos ao fundo”, explica a especialista.


- Agressividade e isolamento socia
Quanto mais cedo a criança é exposta à fumaça do cigarro, maiores são as chances de desenvolver problemas de comportamento, como agressividade e isolamento social. É o que diz um estudo da Universidade de Montreal, no Canadá, que analisou dados de 2.055 crianças do nascimento aos 10 anos, além de informações de pais fumantes e o do comportamento em sala de aula. Os pesquisadores acreditam que as estatísticas provem que é possível atribuir uma relação causa e consequência, como explica a psicoeducadora Linda Pagani, uma das autoras. “Nós sabemos que o período do pós-nascimento é muito importante para a formação do cérebro. A exposição aos agentes nocivos da fumaça retarda o crescimento do cérebro e podem alterar as características neurológicas”.

- Doenças do coração
Se você ou seu companheiro fumam dentro de casa, o coração do seu filho sente. Esse foi um dos temas abordados no Congresso Anual de Cardiologia, que aconteceu nos Estados Unidos em março de 2013. Um dos estudos apresentados mostrou que adultos de 40 a 80 anos que tiveram contato com cigarro de forma passiva na infância ou juventude eram mais propensos a sofrer um ataque do coração. Isso porque o tabaco forma placas nas artérias coronárias que, com o tempo, danificam a região e podem levar ao ataque cardíaco. Isso sem contar em outras consequências que podem aparecer por conta da fumaça tóxica, entre elas, o diabetes, colesterol alto e hipertensão.

- Mais faltas na escola
Cientistas do Hospital Infantil da Califórnia, nos Estados Unidos, descobriram que crianças que convivem com pais fumantes são mais propensas a sofrer com doenças respiratórias. Em época escolar, essas complicações, como rinite ou asma, podem levar a quatro vezes mais faltas na escola, de acordo com a pesquisa. “As crianças tendem a ter mais infecções respiratórias, consultas médicas, atendimento de emergências e internações hospitalares, por isso, se ausentam de boa parte das aulas”, defende Frank Gilliland, um dos pesquisadores.

- Sintomas de dependência
Nove instituições canadenses assinam esse estudo publicado no periódico Addictive Behaviors. Cerca de 1.800 crianças foram avaliadas e as conclusões apontaram que 5% daquelas cujos pais fumavam em casa ou no carro enquanto elas estavam junto relatavam, mesmo sem nunca ter colocado um cigarro na boca, sintomas típicos da dependência de nicotina, como humor deprimido, dificuldade para dormir, irritabilidade, ansiedade, inquietação, dificuldade de concentração e aumento de apetite.

Depois de todos esses perigos, é melhor não acender mais nenhum, certo?

Fonte:https://revistacrescer.globo.com/Gravidez/Saude/noticia/2014/04/por-que-o-fumo-passivo-e-tao-prejudicial-gravidas-e-criancas.html


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