PELA PRIMEIRA VEZ NO MUNDO, CORAÇÃO PARCIALMENTE TRANSPLANTADO CRESCE JUNTO COM BEBÊ QUE O RECEBEU

  

Owen Monroe, o primeiro bebê a receber um transplante parcial de coração — Foto: Duke Health
Owen Monroe, o primeiro bebê a receber um transplante parcial de coração — Foto: Duke Health

Pela primeira vez no mundo, coração parcialmente transplantado cresce junto com bebê que o recebeu

Owen Monroe foi o primeiro bebê a receber um coração parcialmente transplantado, quando ele tinha apenas 18 dias de idade; um ano depois, sua função cardíaca é excelente, dizem cirurgiões

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Redação Época NEGÓCIOS

28/01/2024 09h42  Atualizado há 6 horas


O primeiro bebê a ser submetido a um transplante cardíaco parcial no mundo tem o tecido implantado crescendo junto com ele, divulgaram os médicos que realizaram a cirurgia. O resultado nunca foi visto antes em humanos.


Os cirurgiões fizeram história em 2022 quando costuraram válvulas cardíacas e vasos retirados de um bebê doador no coração do receptor do transplante, Owen Monroe, quando ele tinha apenas 18 dias de idade.

Esta técnica de recuperar tecido cardíaco nativo e usar apenas tecido de doador vivo para substituir áreas defeituosas nunca havia sido testada em humanos antes.

O cirurgião-chefe, Joseph Turek, da Duke University, havia realizado o procedimento anteriormente apenas em cinco leitões.


Agora, mais de um ano depois, o coração do bebê Owen cresceu do tamanho de um morango para o tamanho de um damasco, e o tecido do doador cresceu com ele.

A função cardíaca de Owen é "excelente" e ele está atingindo marcos de desenvolvimento de uma criança normal de um ano, como brincar, engatinhar e ficar em pé, relataram os pesquisadores em um novo estudo publicado na revista JAMA.

"Esta publicação é a prova de que esta tecnologia funciona, esta ideia funciona e pode ser usada para ajudar outras crianças", diz Turek.

Os pais de Owen, Nick e Tayler Monroe, consentiram com a cirurgia depois de saberem que seu bebê tinha um grave defeito cardíaco conhecido como truncus arteriosus, quando um canal que sai do coração não consegue se separar durante o desenvolvimento, fundindo dois vasos sanguíneos principais de uma forma que deixa o bebê sem oxigênio.

O bebê Owen foi listado para um transplante de coração, mas seus pais sabiam que era improvável que ele sobrevivesse aos seis meses ou mais que seriam necessários para encontrar um doador.

Poucos dias após o nascimento, Owen já estava com insuficiência cardíaca e seu coração estava fraco demais para receber tratamento de emergência, como uma ponte de safena chamada ECMO.

“Depois que nos contaram a situação e que não tivemos tempo para esperar por um coração e ele estava basicamente com insuficiência cardíaca desde o início, não havia muitas opções”, disse Tayler Monroe.

Técnica inovadora

truncus arteriosus afeta cerca de 250 bebês nos EUA a cada ano, segundo o Science Alert. Normalmente, os bebês com esta condição recebem um transplante de coração completo ou são tratados com tecido congelado de corações de cadáveres.

Os corações de doadores transplantados para bebês crescerão com a criança, mas muitas vezes tornam-se disfuncionais com o tempo. Como resultado, cerca de metade das crianças que recebem um transplante de coração morrerão aos 20 anos.


Para evitar que os corações transplantados sejam rejeitados pelo sistema imunológico, os receptores recebem medicamentos que suprimem o sistema imunológico, o que impede o corpo de combater não apenas o tecido cardíaco, mas também o câncer e as infecções.

É o músculo cardíaco do doador, e não as válvulas e vasos, que o corpo tende a rejeitar como estranho. Como o bebê Owen recebeu apenas um transplante parcial de vasos e válvulas, ele só precisou de meia dose de um desses medicamentos imunossupressores.

Já os bebês tratados para truncus arteriosus com tecido de cadáver congelado precisam de cirurgia a cada poucos anos para substituir os enxertos que cresceram demais. Como resultado destas cirurgias arriscadas, este tratamento acarreta um risco de mortalidade de 50% enquanto ainda estão na infância.

A nova técnica pode ser um marco para futuros transplantes do tipo, melhorando as condições de vida dos pacientes. O coração de Owen agora está bombeando normalmente e “espera-se que dure a vida toda”, relatam os pesquisadores.


Fonte:https://epocanegocios.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2024/01/bebe-recebe-primeiro-transplante-parcial-de-coracao-do-mundo.ghtml


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