A FORMAÇÃO DO VÍNCULO ENTRE MÃE E BEBÊ
Por: Bruna Romanini
Muito antes de seu nascimento e ainda no ambiente intra-uterino, tem início a formação do vínculo entre a futura mamãe e seu bebê. Trata-se de um processo de comunicação tão complexo quanto sutil e que torna possível esta troca íntima e profunda. O vínculo é de importância vital para o feto, pois precisa se sentir desejado e amado para propiciar a continuação harmoniosa e saudável de seu desenvolvimento.
A formação do vínculo não é automática e imediata, pelo contrário, é gradativa e, portanto, necessita de tempo, compreensão e amor para que possa existir e funcionar adequadamente. É, também, fundamental para que possa compensar os momentos de preocupações e reveses emocionais maternos e que todos nós estamos sujeitos no cotidiano.
O amor e a rejeição repercutem sobre a criança muito precocemente mas, para que possa dar significado a estes sentimentos é preciso maturidade neuro-fisiológica. Assim, até os três primeiros meses de vida intra-uterina, as mensagens enviadas pela mãe são, em grande parte, incompreendidas pelo embrião, muito embora possam causar-lhe desconforto se percebidas como desagradáveis.
À medida que vai evoluindo, o feto torna-se capaz de registrar e de dar significado às emoções e sentimentos maternos. É quando, então, começa a se formar sua personalidade, o que ocorre por volta do terceiro trimestre de gestação. A ansiedade materna é, de certa maneira, até benéfica ao feto, pois perturbando a neutralidade do ambiente uterino, perturba-o também, conscientizando-o de que é um ser distinto, separado desse ambiente.
Para se livrar desse desconforto, ele começa a elaborar progressivamente técnicas de defesa como dar pontapés, mexer-se mais ativamente, e que funcionam, para a sensibilidade materna, como um envio de mensagem de que está sendo perturbado. Se houver sintonia materno-fetal, imediatamente a futura mamãe capta esta mensagem e começa a passar a mão delicadamente em seu ventre, o que é percebido e decodificado pelo feto como atitude de compreensão, carinho e proteção, portanto, como tranquilizadora.
Com o decorrer do tempo, a experiência de desconforto transforma-se em emoção e tem início a formação de ideias sobre as intenções maternas em relação a si mesmo. Desta maneira, se a mãe for amorosa e tiver uma relação afetiva rica com seu bebê, contribuirá para que nasça uma criança confiante e segura de si. Assim também, se mães deprimidas ou ambivalentes que, por uma razão qualquer, privam o feto de seu amor e apoio, certamente favorecerão o estado depressivo e a presença de neuroses na criança e que podem ser constatados após o nascimento, pois sua personalidade foi estruturada num clima de medo e angústia.
Mesmo a gestante que rejeita seu filho comunica-se com ele através do fornecimento do alimento. Mas, a qualidade desse vínculo é diferente da mãe que o deseja e esta é a grande diferença, pois não é apenas uma comunicação biológica.
Como o feto capta todas as emoções maternas, as que o fazem entrar em sofrimento como a ansiedade, temor e incertezas, provocam-lhe reações mais fortes e contínuas, enquanto que as de alegria e felicidade, por não alterarem o ambiente intra-uterino, permitem que seus movimentos permaneçam suaves e harmoniosos.
O feto sente o que a mãe sente, até como um atitude de solidariedade, porém, com intensidade diferente e sem a compreensão materna. As emoções negativas são percebidas como um ataque a si próprio.
É fundamental lembrar que as preocupações passageiras e simples do cotidiano não lhe oferecem risco algum, pois sequer podem levar o organismo materno à produção de hormônios. O que o afeta e prejudica sobremodo são as situações que induzem à produção intensa e contínua de hormônios, como a ansiedade materna, que pode, inclusive provocar o estresse da mãe.
Outras situações que também acarretam o sofrimento fetal são o consumo excessivo de álcool, tabaco e medicamentos pela gestante, bem como, o fato de comer demais ou se alimentar mal, pois traduzem uma grande e exacerbada ansiedade materna, além de que, também são altamente prejudiciais ao desenvolvimento físico e psíquico do feto.
Um fator importantíssimo a ser considerado é quando a mulher é completamente dependente do cigarro. Neste caso, se a supressão total deixa-a extremamente ansiosa, há de fazer muito mal à criança, portanto além de deixar de fumar é preciso buscar ajuda terapêutica para diminuir essa ansiedade.
Se o feto participa de todas as emoções maternas, muitas gestantes inibem a sexualidade por sentirem-se constrangidas com esta participação, principalmente no momento do orgasmo e dos sons e ruídos emitidos pelo casal.
Apesar disso, convém esclarecer que a atividade sexual não traz qualquer malefício. Ao contrário: o orgasmo, especialmente na mulher, é altamente benéfico física e emocionalmente, e é através dele que o feto capta o bem-estar geral da mãe, a felicidade intensa e, principalmente a tranquilidade após o orgasmo e não este propriamente.
Os acontecimentos graves e estressantes como perdas significativas ou situações que atingem a gestante diretamente, como brigas conjugais ou com pessoas mais próximas, são causas de grande sofrimento fetal e, muitas vezes, não há como evitá-los.
Para diminuir os efeitos nocivos ao feto, a futura mamãe deve aumentar os períodos de descanso, oferecer-lhe apoio afetivo e conversar com ele, esclarecendo-o dos acontecimentos. Embora não haja compreensão das palavras, o feto capta o sentido do que lhe é dito e se tranquiliza. Assim, o vínculo mãe-bebê não é quebrado.
O perigo maior persiste quando o feto percebe-se rejeitado pela mãe ou quando suas necessidades físicas ou psicológicas não são compreendidas e atendidas, pois ele necessita desta troca para sentir-se amado e desejado.
Concluindo, se o vínculo materno-fetal não foi consolidado durante o período gestacional, há de se tentar nas horas e dias que sucedem ao nascimento, que é o período ideal na vida extra-uterina e, se necessário, com a ajuda de um profissional capacitado.
Fonte:http://bebemamae.com/desenvolvimento-do-bebe/a-formacao-do-vinculo-entre-mae-e-bebe
Foto: Getty Images
Entenda como é a criação do vínculo entre mãe e bebê e como estimular isso desde a gestação
O vínculo entre a mãe e o bebê é algo muito especial, mas assim como qualquer outra relação é construído ao longo do tempo. Esta construção começa na gestação e continua durante toda a vida, especialmente nos primeiros meses do bebê.
A construção do vínculo durante a gestação
Durante a gestação, ao contrário do que muitas pessoas acreditam, é importante não supervalorizar o vínculo intrauterino. Isto significa não criar expectativas de que após o nascimento você irá saber tudo sobre seu bebê porque sentia um vínculo entre os dois durante a gestação. “Esta relação durante a gravidez pode ajudar, mas não traz garantias. É importante entender que a mãe irá conhecer o filho após o nascimento e que ele não será um ser igual a mãe ou ao pai, mas sim uma outra pessoa”, orienta a psicóloga Vera Iaconelli, doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo e diretora do Instituto Brasileiro de Psicologia Perinatal Gerar.
Outro ponto importante durante a gestação e também após o nascimento do bebê é conversar com familiares ou amigos sobre seus sentimentos. “O que ajuda muito na formação de vínculo com o filho é poder falar dos medos, angustias, arrependimentos, entre outros sentimentos que todos temos”, observa Vera Iaconelli.
Claro que os carinhos na barriga e as conversas com o feto também podem continuar e são interessantes! Inclusive, uma pesquisa publicada na revista científica Plos One concluiu que de dentro da barriga o bebê é capaz de reagir aos toques e à voz da mãe. Veja mais sobre a pesquisa aqui.
A construção do vínculo após o nascimento
Após o nascimento do bebê é importante que a mãe não ache que já deveria conhecê-lo por completo. “Hoje em dia o que mais atrapalha a formação do vínculo são as idealizações dessa relação entre mãe e bebê e o fato de que a mulher estranha o estranhamento que ela pode sentir ao conhecer o bebê pela primeira vez”, diz Vera Iaconelli. Nesta fase é importante ter consciência que você irá conhecer seu bebê, descobrir quem ele é, do que gosta, entre outros.
A melhor forma de conhecer seu bebê é por meio dos cuidados do cotidiano. “Carregar, limpar, alimentar, colocar para dormir, entre outros. O convívio permite que a mãe tenha a chance de fortalecer o vínculo com o bebê”, conta Vera Iaconelli.
Além disso, nenhuma dessas atividades do dia a dia devem ser feitas de forma mecânica. “O bebê não precisa de nenhuma atividade mecânica, ele precisa de afeto, com uma mãe atenta que se diverte com a criança, que brinca, interage e olha nos olhos dela. O olhar, o cheiro, o toque, a voz, todos esses sentidos são formas de transmissão desse afeto”, ressalta Vera Iaconelli.
Procure conversar com seu filho frequentemente, esta atitude além de estimular o vínculo, também ajudará o bebê a dizer as primeiras palavras. A shantala também é uma ótima forma de estreitar o vínculo entre mãe e bebê, veja como realizá-la aqui.
Fonte:http://bebemamae.com/desenvolvimento-do-bebe/a-formacao-do-vinculo-entre-mae-e-bebe
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